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Um em cada quatro idosos que vivem em cidades brasileiras já sofreu quedas, segundo dados do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil), pesquisa realizada entre 2019 e 2021 pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com o Ministério da Saúde. O estudo, que monitora as condições de saúde da população acima de 60 anos, está disponível para consulta pública no repositório da Fiocruz. De acordo com a fisioterapeuta Raquel Gonçalves, doutora em Ciências da Reabilitação pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), as quedas entre idosos raramente são acidentais. “São eventos previsíveis, associados a fatores como ambientes mal adaptados, perda de força muscular e até efeitos colaterais de medicamentos”, explica. O ELSI-Brasil revela que, além dos 25% que sofreram quedas, 40% dos idosos relatam dificuldade para subir escadas ou caminhar longas distâncias – indicadores de risco crescente.
O que leva idosos aos riscos de quedas: as causas das quedas são múltiplas. Fora de casa, desníveis nas calçadas, iluminação precária e irregularidades no piso são armadilhas constantes. Dentro do lar, riscos escondidos nos gestos cotidianos: levantar-se da cama, tomar banho, calçar os sapatos. “Não se trata apenas do ambiente. A condição física e cognitiva, o tipo de calçado, a medicação, tudo deve ser observado”, reforça Raquel Gonçalves.
Prevenção vai além dos cuidados comuns: prevenir quedas vai muito além da instalação de barras no banheiro ou da retirada de tapetes. Segundo a fisioterapeuta, os cuidados exigem um olhar integral sobre a rotina do idoso. “Estar ativo é essencial. O indivíduo em faixa etária avançada que se movimenta, participa de grupos sociais, caminha e se sente útil, tende a preservar mais a autonomia e o equilíbrio. Já o isolamento e a inatividade são portas abertas para o declínio”.
Nesse contexto, o papel do cuidador ganha ainda mais relevância: Raquel destaca a importância de contar com profissionais especializados em prevenção e reabilitação de idosos. “É preciso que a equipe ofereça desde cuidados pontuais até acompanhamento 24 horas por dia, sempre adaptados à realidade da família e à necessidade do paciente”, explica.
Além dos cuidadores, o idoso deve receber visitas semanais de profissionais de variadas especialidades que monitorem seu quadro médico, avaliem sua evolução e atualizem as orientações aos cuidadores. “A adesão do idoso depende de algo fundamental: afinidade e confiança. É comum que haja resistência quando o cuidador é imposto, quando falta sintonia. Por isso, o vínculo é tão importante quanto o cuidado técnico”, finaliza a especialista.