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Uma pesquisa realizada pela Minds & Hearts, empresa do grupo HSR Specialist Researchers, revela que os usuários de planos de saúde privados no Brasil estão cada vez mais insatisfeitos com serviços essenciais: 32% reclamam da demora na autorização de procedimentos, 30% da dificuldade para agendar consultas e 24% do descredenciamento de médicos. O estudo, que ouviu 700 beneficiários de operadoras como Bradesco Saúde, Unimed e Amil, aponta ainda que o número anual de reclamações contra convênios médicos saltou 15 vezes entre 2010 e 2024, de 13.448 para 198.112.
Embora 92% dos entrevistados consideram o plano de saúde “essencial”, a pesquisa destaca que 26% dos usuários de convênios privados cogitam trocar de operadora devido a reajustes abusivos e falta de transparência (apontada por 6% dos entrevistados).
Insatisfação generalizada
O estudo também destacou diferenças geracionais:
- Gerações Z e Y (18-40 anos): Priorizam agilidade e eficiência digital;
- Geração X (41-55 anos): Valorizam cobertura ampla e estabilidade da rede credenciada;
- Baby Boomers (56+ anos): Buscam previsibilidade e atendimento humanizado.
Para Fábio Drigo, sócio da Minds & Hearts, a dissonância entre expectativas e serviços oferecidos é alarmante:
“Os clientes estão mais exigentes, mas as operadoras não acompanharam essa evolução. A qualidade percebida está em queda”.
Procon critica nova modalidade “econômica”
Em meio ao cenário de insatisfação, a Fundação Procon-SP alerta para um novo risco: a ANS propõe autorizar – em caráter experimental – planos de saúde com coberturas limitadas a consultas eletivas e exames básicos, excluindo atendimento de urgência e emergência. Em nota divulgada recentemente, o órgão classificou a medida como “prejudicial aos consumidores”.
Segundo o Procon-SP, a subsegmentação obrigará os usuários a depender do SUS para tratamentos após diagnósticos:
- Exemplo: Um paciente que descobrir um tumor em exame coberto pelo plano precisará reiniciar todo o processo no SUS, desde consultas até cirurgias;
- Impacto: Atrasos no tratamento e sobrecarga adicional ao sistema público, já fragilizado por filas.
O órgão também questiona a falta de clareza nas vendas:
- Risco de indução ao erro: Comercialização de planos como “econômicos”, sem informar limitações;
- Experimentação perigosa: Setor da saúde exige segurança, não testes com modelos incompletos.