Pandemia impede realização da Cavalhada de Santo Amaro em Campos dos Goytacazes
A Cavalhada de Santo Amaro, tradicional espetáculo que representa o encontro, diálogo e o abraço entre fé e cultura, não vai acontecer pela primeira vez em quase 300 anos! A apresentação, que aconteceria hoje, 15 de janeiro, é um dos momentos culturais mais esperados em Campos dos Goytacazes, na Baixada Campista, atraindo devotos de todo o Brasil para o Rio de Janeiro. Com o objetivo de evitar aglomeração e salvar vidas, dada a calamitosa situação provocada pelo coronavírus, a 288ª edição da festa religiosa foi cancelada por sua comissão organizadora.
Comemoração que envolve a comunidade
A Cavalhada de Santo Amaro é um espetáculo construído pelas famílias e envolve toda a comunidade. Desde sua preparação até o dia do espetáculo, a produção das roupas é um momento de integração comunitária. A professora e escritora Gisele Gonçalves destaca um pouco desse processo de elaboração que envolve emoção e fé, com a participação de atores comunitários focados na trama representada no dia 15 de janeiro diante de um grande público.
“Quando assistimos a Cavalhada de Santo Amaro logo ficamos encantados com as vestes dos cavaleiros. Por isso, é importante valorizar costureiras e artesãs da Baixada. Assim, não podemos deixar de citar Maria da Conceição Ramos, de 94 anos, conhecida como Dona Conceição, que por muitos anos confeccionou as vestes da Cavalhada com todo carinho, passando a tradição para a sua sobrinha Inês. Ela é muito querida pela comunidade de Santo Amaro e sua família faz questão de cultivar esse carinho todos os anos, no dia da festa, quando recebem visitas de amigos e parentes. Com a pandemia de covid e o cancelamento da Cavalhada, a família está cuidando muito bem de Dona Conceição, para que possa assistir muitas e muitas Festas de Santo Amaro”, declara.
Tradição que une gerações
Desde os processos de elaboração até a apresentação do espetáculo no dia 15 de janeiro, a cavalhada em homenagem a Santo Amaro reúne histórias familiares de compromisso social. Miguel Henriques se orgulha de ter participado por 52 anos da representação e deixa o lugar para o filho Weligton Luis de Carvalho, mas continua colaborando no processo de organização.
“Eu tenho um grande orgulho quando eu visto esse uniforme. Comecei a cavalhada aqui quando eu tinha 14 anos e me aposentei como cavaleiro há quatro, quando passei meu lugar para o meu filho. A cavalhada é tudo na minha vida e, mesmo fora dela hoje, ela ainda está dentro de mim. Eu fico triste, porque este vai ser o único ano que não vamos ter a cavalhada em Santo Amaro, mas a gente entende que é uma situação complicada por causa da pandemia”, conta Miguel.
Com informações de Ricardo Gomes, Diocese de Campos