Países americanos vão regulamentar a presença de gorduras trans nos alimentos
Países americanos colocarão em prática, a partir de 2020, um novo plano para reduzir doenças cardiovasculares que, atualmente, são a principal causa de morte no continente. A intenção é reduzir ao máximo por meio de regulamentação a presença das gorduras trans da produção industrial de alimentos até 2025. Trata-se do Plano de Ação para Eliminar Ácidos Graxos Trans da Produção Industrial 2020-2025.
Aprovado pelo 57º Conselho Diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o plano promove ações regulatórias para eliminar um dos principais responsáveis pelas 160 mil mortes registradas a cada ano nas Américas.
“As gorduras trans são substâncias nocivas que causam danos à saúde das pessoas”, diz a diretora da OPAS, Carissa F. Etienne. Para eliminá-los, “medidas voluntárias não são suficientes. Medidas regulamentares devem ser aplicadas para proteger todas as populações “.
Em 2008, as autoridades de saúde pública e os representantes das indústrias de alimentos e óleo assinaram no Rio de Janeiro a declaração As Américas Livres de Gorduras Trans, promovida pela OPAS, na qual expressaram seu compromisso de eliminar os ácidos graxos trans de origem industrial. No entanto, apesar do acordo, as gorduras trans ainda são usadas em pelo menos 27 dos 35 Estados Membros da OPAS.
Os países que restringiram ou eliminaram as gorduras trans desde esse acordo são Argentina (2010), Canadá (2017), Chile (2009), Colômbia (2012), Equador (2013), Estados Unidos (2015), Peru (2016) e Uruguai (2017). Atualmente, a Bolívia está desenvolvendo regulamentos sobre gorduras trans e o Brasil e o Paraguai estão em estágio avançado de um processo semelhante.
Três opções de regulamentação
O plano regional da OPAS propõe três opções para eliminar os ácidos graxos trans da produção industrial de alimentos: 1) proibição do uso de óleos parcialmente hidrogenados; 2) um limite obrigatório de 2% (ou não mais de 2 gramas por 100 gramas de gordura total) em ácidos graxos trans produzidos industrialmente como proporção do teor total de gordura em todos os produtos alimentícios; ou 3) uma combinação dessas medidas.
“Em um contexto em que as vendas de produtos processados e ultra processados, que são as principais fontes de gordura trans, aumentam 3,1% a cada ano nas Américas, esse plano de ação é oportuno e urgente”, afirmou o diretor da Doenças não Transmissíveis e Saúde Mental na OPAS, Anselm Hennis.
O plano também destaca a necessidade de se adotar políticas de rotulagem de alimentos, bem como estratégias para aumentar a conscientização sobre os efeitos nocivos dos ácidos graxos trans na produção industrial e os benefícios para a saúde ao eliminá-los.
O que são gorduras trans?
As gorduras trans produzidas industrialmente estão contidas em gorduras vegetais endurecidas, como margarina e gordura, e geralmente estão presentes em lanches e em alimentos assados ou fritos. Eles foram introduzidos pelos fabricantes devido à sua vida útil mais longa do que outras gorduras. No entanto, existem alternativas menos prejudiciais que não afetam o sabor ou o custo dos produtos alimentícios.
As gorduras trans aumentam os níveis de colesterol LDL, um biomarcador positivamente relacionado à doença cardiovascular, e reduzem o colesterol HDL, conhecido como “bom colesterol”, porque ajudam a eliminar o colesterol “ruim” do corpo. As evidências mostram que dietas ricas em gorduras trans aumentam o risco de doenças cardíacas em 21% e o risco de morte em 28%.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a ingestão total de gorduras trans seja limitada a menos de 1% da ingestão total de energia, o que se traduz em menos de 2,2 gramas por dia como parte de uma dieta de 2000 calorias.