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Declaração do secretário-geral António Guterres reforça impacto duradouro do tráfico transatlântico e exige combate ao racismo estrutural
Em mensagem marcando o Dia Internacional em Memória das Vítimas da Escravidão e do Tráfico Transatlântico de Escravos, o secretário-geral da ONU, António Guterres, classificou o comércio de africanos escravizados como um “crime contra a humanidade” cujas consequências ainda permeiam sociedades atuais.
“O racismo sistêmico foi incorporado em instituições, culturas e sistemas legais. A exclusão e a violência continuam a impedir que pessoas de ascendência africana prosperem”, afirmou Guterres. Ele destacou a necessidade de justiça reparatória e de ações concretas para desmantelar estruturas de discriminação.
O peso da história
Entre os séculos XV e XIX, mais de 12 milhões de africanos foram traficados à força para as Américas, enriquecendo potências coloniais e alimentando narrativas de supremacia racial que persistem hoje. A data de 25 de março remete à Lei de Abolição do Tráfico de Escravos (1807), do Reino Unido, que proibiu o comércio – mas não a escravidão em si, mantida por décadas.
Guterres ressaltou a resistência dos escravizados, como a Revolução Haitiana (1804), e defendeu que a data vai além da memória: “É sobre agir para desmantelar as estruturas que ainda oprimem”.
Educação como ferramenta
A ONU mantém iniciativas como o Programa de Extensão sobre o Tráfico Transatlântico e o projeto Rotas dos Povos Escravizados (UNESCO), que combatem narrativas distorcidas e destacam contribuições culturais e científicas dos africanos escravizados.
Contexto: A data foi instituída pela Assembleia Geral da ONU em 2007, após resolução que reconheceu a escravidão como uma das “piores violações de direitos humanos da história”.
(Com informações das Nações Unidas)