Odontólogos questionam eficácia das cápsulas mastigáveis veganas para a saúde da boca
As cápsulas mastigáveis veganas são umas das novidades do mercado destinadas à saúde bucal. De acordo com o fabricante, as cápsulas facilitam a higienização e respeitam o meio ambiente no processo de produção. Ainda de acordo com o fabricante, um tablete tem a quantidade ideal para escovação dos dentes. Ao mastigar, em contato com a saliva, a cápsula forma uma espuma. Em seguida, a orientação é para que se escove os dentes normalmente ou enxágue.
O tablete também promete ação de enxaguante bucal, caso a pessoa não tenha escova por perto. A indicação é mastigar e fazer bochechos com água.
Embora, por enquanto, só possa ser adquirido pelo e-commerce, o uso do produto já está no radar do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), pois a escovação desempenha um papel fundamental na higienização da boca.
Afinal, as cápsulas ou tabletes mastigáveis são ou não indicadas?
A orientação dada por Caio Roman Torres, professor do Programa de Mestrado e Doutorado em Odontologia da Universidade Santo Amaro (UNISA/SP) e membro da Câmara Técnica de Periodontia do CROSP, é não usar as cápsulas, pois os produtos foram lançados sem os devidos testes e pesquisas. Além disso, segundo ele, não há ação comprovada e sua composição tem substâncias que podem ser nocivas.
O especialista alerta que as cápsulas mastigáveis não substituem a pasta de dentes e a escovação e cita alguns motivos:
– A única substância que pode combater a cárie é o flúor e as cápsulas não têm.
– Sem a escovação, nem mesmo o flúor tem alguma ação.
– Não existem pesquisas que provem que o uso das cápsulas pode substituir a pasta de dentes;
– As substâncias presentes nas cápsulas não possuem ação comprovada na proteção e combate às bactérias que atuam na cárie e na gengivite.
– Bochechos com a cápsula terão efeito placebo, pois as substâncias presentes não têm a ação de um enxaguatório bucal.
“As cápsulas mastigáveis não possuem nenhuma ação de proteção aos dentes, não há testes e pesquisas que confirmam sua ação benéfica e os fabricantes apelam para o cuidado com o meio ambiente afirmando que os tubos de plástico das pastas são prejudiciais. E é nesse apelo que ganham adeptos”.
Dr. Caio esclarece, ainda, que se a composição tiver substâncias que efetivamente protejam os dentes (flúor) e pesquisas forem realizadas no intuito de mostrar os benefícios das cápsulas frente às pastas de dentes, o cenário pode mudar. “Enquanto isso não acontecer, cápsulas mastigáveis não são indicadas”.
O especialista orienta que as pessoas procurem sempre o cirurgião-dentista antes de utilizar produtos diversos na higienização dos dentes, especialmente como esses.