O Nariz Cassado de Miquelângelo e outras histórias
No século XV, em Florença, na Itália, o adolescente Miquelângelo sentia prazer em arrumar confusão com seus pequenos aprendizes, o que lhe valeu um violento soco que fez sangrar seu nariz. Filho de um moleiro, Rembrandt sobrevive dos ganhos que consegue no tontine (uma espécie de renda paga a beneficiários e/ou descendentes mediante sorteio), que fazia furor na Holanda. Com o dinheiro acumulado, ele deixa o moinho da família, vai para Amsterdã e muda seu destino. Primeiro da classe no colégio, Manet é retirado da aula de desenho por insubordinação: copiar modelos em gesso o incomoda, ele prefere desenhar seus amigos. Aos 11 anos, o estudante Pablo Picasso tenta se concentrar no cálculo matemático, mas seu traço prodigioso chama a atenção da família. Duchamp planeja tornar-se um notário, como seus pais, mas descobre os impressionistas em um catálogo aos 17 anos e acaba deixando tudo de lado para juntar-se ao Montmartre boêmio. Antes de mudar a América com sua série de 32 latas de sopa Campbell, Andy Warhol, passou anos na Big Apple tentando tornar-se conhecido como ilustrador freelancer no pub.
Com elegância, saudável humor e leveza, Vincent Brocvielle conta em seu livro Le Nez cassé de Michel-Ange et autres récits – Comment ils sont devenus artistes histórias de sete grandes mestres das artes como num romance e diz que “tudo é verdade”, embora o que apresente seja uma saborosa síntese de notícias não comprovadas mas que, por falta de elementos que as desmintam, acabaram construindo a lenda de suas vidas. E o autor vai muito além do cômico, localizando cada artista, seja qual for a época, em seu contexto histórico, político e social. O livro foi editado na França pela Editora Fayard.