Mario Benedetti, uruguaio do mundo
Mario Benedetti, grande escritor uruguaio nascido em 14 de setembro de 1920, plasmou sua paixão em mais de 80 obras literárias que foram traduzidas em 23 idiomas.
Suas obras se dividem em dois períodos, marcados por suas condições de vida e mudanças sóciopolíticas tanto no Uruguai quanto no resto da América Latina.
No primeiro deles, Benedetti desenvolveu escritos realistas centrados no tema da burocracia pública, à qual ele mesmo pertenceu. Pertencem a esse período A Trégua (1960) e Obrigado pelo Fogo (1965).
No segundo período, suas obras deram guarida à angústia e à esperança de amplos setores sociais que procuravam encontrar saídas socialistas para uma América Latina submersa em repressões militares. Isso fez com que vivesse exilado por 10 anos em Cuba, no Peru e na Espanha.
Seu texto ficou mais audacioso e escreveu uma novela em verso, “O aniversário de Juan Ángel” (1971), e contos fantásticos com os de “A morte e outras surpresas” (1968). Tratou do tema do exílio na novela “Primavera com uma esquina pobre” (1982) e baseou-se na infância e na juventude para escrever “A borra de café” (1993).
A trégua: com mais de 100 edições, relata a história de Martín Santomé, um viúvo com três filhos, que perto de se aposentar decide mudar sua monótona vida. Este clássico de Benedetti reflete seu amor ao romance e à filosofia e a triste realidade da solidão.
O amor, as mulheres e a vida: coleção de poemas, possivelmente a mais romântica do autor. Nela, em versos cheios de fé e esperança, Benedetti demonstra que o amor é a melhor forma de afrontar a morte.
Quem de nós: a primeira novela do autor narra os enredos de um triângulo amoroso entre Lucas, Alicia e Miguel, no qual estão presentes os problemas e preocupações que assolam a sociedade atual.
Obrigado pelo fogo: a obra revela as frustrações pessoais de Ramón Budiño para assassinar seu pai e nas quais afloram as desilusões que movem um país.
Mario Benedetti, na verdade, era Mario Orlando Hardy Hamlet Brenno Benedetti Farrugia. Nasceu e morreu em Montevideu, em 17 de março de 2009. Antes de ser escritor, foi vendedor, taquígrafo, contabilista e funcionário público. Sua atividade como jornalista teve início em 1945, passando por “La Mañana”, “El Diario”, “Tribuna Popular” e pelo semanário “Marcha”, entre outros periódicos. Em 2001, recebeu o Prêmio Iberoamericano José Marti por toda a sua obra. Um ano depois, foi condecorado como “cidadão ilustre” pela prefeitura de Montevideu. Suas últimas obras foram “Testemunho de mim” e “A viagem de saída”, ambas em 2008.
No Brasil, suas obras vieram a público pela Alfaguara e Globo Livros
Uma das frases inesquecíveis de Benedetti: “Yo no sé si Dios existe, pero si existe, sé que no le va a molestar mi duda” (Não sei se Deus existe, mas, se existe, sei que não ficará incomodado com essa minha dúvida).