Junho Laranja – os cuidados que todos temos de tomar para que as crianças não se queimem
Foi por conta da curiosidade que Davi Noleto, 9 anos, pegou um fósforo e queimou uma folha de caderno, causando queimadura em seu braço. “Nesse dia, pegamos uns vídeos de crianças com sequelas de queimaduras e mostramos para ele e para a irmã e fizemos o alerta. Desde esse dia, não mexeram mais com fogo”, lembra Leonardo Peixoto, o pai. A auxiliar de produção Érica de Assis se recorda do susto que levou quando seu filho Davi, na época com 4 anos, pegou um frasco de desodorante aerosol e ateou fogo. O pequeno queimou sua blusa e 30 por cento do corpo. Davi ficou internado por mais de um mês no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), em Brasília/DF. Passou por cirurgias e teve acompanhamento de diversos profissionais. “Graças a Deus, hoje meu filho está bem”, comenta a mãe.
De acordo com Ricardo de Lauro Machado Homem, chefe do Centro de Tratamento de Queimaduras do Hran e presidente da Sociedade Brasileira de Queimaduras da regional do Distrito Federal (SBQ/DF) a criança é mais vulnerável, por ser curiosa, menor, não ter muito reflexo e desconhecer os perigos de “brincar com fogo”.
“Aqui no Hran as crianças correspondem a 49% das vítimas. Mas em algumas regiões do país essa porcentagem chega até a 60%. Metade dos casos registrados tem a ver com líquidos quentes (a escaldadura). Em seguida vêm os líquidos inflamáveis (álcool, por exemplo). São acidentes que acontecem por curiosidade das crianças e todo cuidado é pouco”, destaca.
Vulneráveis e mais frágeis, os pequenos são vítimas em 30% dos acidentes com queimaduras, sendo 90% deles em situações que acontecem dentro de casa e poderiam ser prevenidos. Com as férias escolares chegando, a atenção deve ser redobrada.
“As crianças demandam cuidado especial, pois têm pele mais fina, superfície corporal e peso diferentes de uma pessoa adulta. Uma queimadura de 10% do corpo em uma criança tem um impacto muito maior que em um adulto. A criança tem maior composição corporal de água e em uma queimadura ela perde líquido, perde sais e tem maior chance de ficar desidratada, além de mais chances de ficar com sequelas emocionais. Por isso, temos que prestar atenção e evitar esses acidentes”, conclui o médico.
E esses acidentes costumam ser em maior número nos meses de junho e julho, também por causa das festas juninas.
Junho e julho são os meses em que são realizadas no Brasil milhares de festas repletas de balões, fogos de artifícios, fogueiras, produtos químicos, eletricidade. Tudo isso gera um aumento no índice de atendimento por queimaduras em todo o país. Acrescente-se os acidentes com comidas quentes, tão comuns nos lares com crianças pequenas.
Por isso, a Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ) lançou a campanha “Junho Laranja”, como um alerta para os acidentes desta época do ano. A estimativa é de que aproximadamente 1 milhão de acidentes com queimaduras aconteçam no Brasil ao longo de um ano. Destes, 100 mil pacientes procuram atendimento hospitalar e cerca de 2,5 mil acabam morrendo por causa dessas lesões, direta ou indiretamente.
Dicas para proteger as crianças
Pensando nisso, a SBQ lista algumas dicas que pais e cuidadores devem seguir para evitar que as festas e o feliz convívio familiar não se transformem num pesadelo. São elas:
- não perder as crianças de vista; adultos têm que supervisionar sempre;
- evitar o acesso de crianças aos ambientes de cozinha e churrasqueiras;
- manter panelas e frigideiras com o cabo voltado para dentro do fogão, de preferência nas bocas de trás;
- manter produtos químicos e particularmente inflamáveis fora do alcance de crianças;
- jamais fumar perto de uma criança;
- não deixar fósforos e isqueiros ao alcance delas;
- manter ferro de passar e equipamentos de alisamento de cabelo guardados e longe do alcance das crianças;
- não usar toalhas de mesa compridas, que possam ser puxadas por crianças na fase em que elas estão se segurando nos objetos ao redor, pois vasilhas com alimentos quentes apoiados sobre a mesa podem cair sobre elas;
- usar protetores de tomadas elétricas e manter aparelhos elétricos, eletrônicos e extensões longe de crianças;
- não deixar que crianças lidem ou brinquem com fogos de artifício;
- evitar exposição prolongada ao sol. Uso de protetor solar de hora em hora e evitar as horas depois das 10h e antes das 15h.
Imagem em destaque: Pexels
ENCONTROU ALGUM ERRO? Ajude-nos a informar melhor
VISITE A MAR DE LIVROS E PESQUISE LIVROS SOBRE ESTE E OUTROS ASSUNTOS |