Fiocruz conclui sequenciamento genético do vírus Monkeypox, causador da varíola dos macacos
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) informou que concluiu o sequenciamento genético do vírus Monkeypox (MPXV), que causa a varíola dos macacos, coletado de um paciente do Rio de Janeiro. Por meio de nota à imprensa, a instituição informou que se trata de um vírus do clado B.1 (grupo de organismos originados de um único ancestral comum exclusivo), o que mais circula atualmente. De acordo com a Fiocruz, sua Rede Genômica fez uma análise metagenômica, com o uso da tecnologia Illumina. A amostra foi retirada de um paciente que foi atendido no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, no Rio.
“A técnica permite o detalhamento do DNA do patógeno, contribuindo para um melhor entendimento do atual surto – que já ultrapassa 4,7 mil casos pelo mundo, segundo dados reunidos pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC/EUA)”, informa a nota.
Diante do avanço da doença, os Estados Unidos estão planejando dar início a uma campanha de vacinação.
Sobre a doença
Com o mundo ainda vivendo os efeitos e as consequências, em sua maioria trágicas, da pandemia de Covid-19, uma outra doença, antes restrita a alguns países africanos, começa a se disseminar pelo planeta. O primeiro caso de monkeypox fora da África no surto de 2022 foi identificado em Londres, em 5 de maio, com confirmação uma semana depois, em um paciente que desenvolveu lesões na pele ao voltar de uma viagem à Nigéria. No dia seguinte, houve a confirmação de um novo caso na capital inglesa. De lá para cá diversos outros países, como Portugal, Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Bélgica, França, Austrália e Brasil registraram casos de monkeypox.
O nome monkeypox se origina da descoberta inicial do vírus em macacos, em 1958, em um laboratório dinamarquês. Já o primeiro caso humano foi identificado em 1970, em uma criança, na República Democrática do Congo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a maioria dos animais suscetíveis a este tipo de varíola são roedores, como ratos e cães-da-pradaria. Ainda de acordo com a OMS, até 15 de junho houve um total de 2.103 casos confirmados em laboratório, em 42 países, e um caso provável, incluindo uma morte. No Brasil, até 24 de junho havia 16 casos confirmados: 10 em São Paulo, 4 no Rio de Janeiro e 2 no Rio Grande do Sul. E, no dia anterior (23/6), o Ministério da Saúde confirmou 3 casos de transmissão local de monkeypox no Estado de São Paulo.
Até o momento, a OMS avalia o risco em nível global como moderado, considerando que esta é a primeira vez que muitos casos de monkeypox são relatados simultaneamente em muitos países. A mortalidade permanece baixa no surto atual. A transmissão de humano para humano ocorre por meio de contato físico próximo ou direto (face a face, pele a pele, boca a boca, boca a pele) com lesões infecciosas ou úlceras mucocutâneas, inclusive durante a atividade sexual, gotículas (e possivelmente aerossóis de curto alcance) ou contato com materiais contaminados (por exemplo, lençóis, roupas de cama, eletrônicos, roupas, brinquedos sexuais).
No Brasil, o Laboratório de Enterovírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) foi nomeado Laboratório de Referência do Ministério da Saúde (MS) em monkeypox. O laboratório vai analisar amostras suspeitas de infecção pelo vírus monkeypox provenientes do Estado do Rio de Janeiro e de toda a Região Nordeste. Nos dias 9 e 10 de junho, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS), o Ministério da Saúde e a Fiocruz promoveram a primeira capacitação para diagnóstico laboratorial do vírus monkeypox para profissionais de saúde de sete países da América Latina (Bolívia, Equador, Colômbia, Peru, Paraguai, Uruguai e Venezuela). A iniciativa foi ministrada pelo Laboratório de Enterovírus do IOC/Fiocruz.
Imagem em destaque: Imagem do vírus Monkeypox feita em microscópio. Foto Cynthia S. Goldsmith e Russell Regner (CDC/EUA)