Famílias arcam com cerca de 73% dos custos com demência, revela estudo
No Brasil, as pessoas com demência e seus cuidadores familiares arcam com uma parcela significativa dos custos relacionados à demência, podendo chegar a 78,5% dos custos totais no estágio inicial da doença e 81,8% no estágio moderado. No estágio avançado, a proporção desses custos diminui para 72,9%. De um modo geral, esses índices giram em torno de 73%, indepentemente do estágio da doença. Essas são algumas das conclusões presentes no Relatório Nacional sobre a Demência no Brasil (Renade), elaborado pelo Hospital Alemão Oswaldo Cruz, dentro do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS). O estudo revelou que, além dos custos, as pessoas responsáveis pelos cuidados estão sobrecarregadas e que, na maior parte das vezes, são mulheres.
A pesquisa considera custos diretos em saúde aqueles provenientes do uso dos sistemas formais de saúde. Por exemplo, internações, consultas ambulatoriais, aquisição de medicamentos, entre outros. Já os custos indiretos são os provenientes do cuidado informal ofertado por familiares ou amigos e da perda de produtividade da pessoa que é cuidadora. Por exemplo, valoração monetária para as horas de cuidado oferecidas à pessoa com demência.
Para elaboração do estudo, foram entrevistadas 140 pessoas diagnosticadas com demência que são acompanhadas no SUS e seus respectivos cuidadores familiares, nas cinco regiões geopolíticas do país, incluindo no total 17 cidades de diferentes portes (pequeno, médio e grande). Na amostra, 69,3% eram mulheres, a média de idade foi de 81,3 anos, 75,7% tinham menos de 4 anos de escolaridade, 22% estavam no estágio inicial da doença, 38% no estágio moderado e 40% no estágio avançado. Pouco mais da metade (51,4%) dos pacientes utilizaram, em algum momento, o serviço privado de saúde, 42% não utilizavam nenhum tipo de medicamento para demência e somente 15% retiravam a medicação gratuitamente no SUS. Ainda segundo o levantamento, a maioria das pessoas cuidadoras de familiares com algum tipo de demência é mulher (cerca de 86%). Entre os cuidadores, pelo menos 45% das pessoas apresentavam sintomas psiquiátricos de ansiedade e depressão, 71,4% apresentavam sinais de sobrecarga relativa ao cuidado, 83,6% exerciam o cuidado de maneira informal e sem remuneração.
Demência no Brasil
De acordo com o relatório, em 2019, mais de 55 milhões de pessoas viviam com demência no mundo, com projeções de atingir, em 2050, mais de 150 milhões de pessoas. No Brasil, a estimativa é de que 1,85 milhão de pessoas viviam com demência em 2019, com as projeções indicando que esse número pode triplicar até 2050. A análise ressalta que as estimativas do Brasil são baseadas em poucos estudos conduzidos na Região Sudeste e talvez tais números, embora elevados para o Brasil, sejam ainda subestimados.