Refugiados: estudo retrata perfil de quem os europeus acolhem melhor
Cristão, jovem (em torno de 21 anos) e do sexo feminino. Refugiados que têm essas característcas são mais bem recebidos pelos europeus, de acordo com pesquisa que acaba de ser publicada na Nature. Para entender as atitudes do público europeu a pessoas que pedem asilo, Dominik Hangartner, Kirk Bansak, Jens Hainmueller e colegas, da Universidade de Stanford, EUA, compararam resultados de experimentos realizados durante as crises de refugiados de 2015–2016 e 2022. Fizeram parte do estudo 33 mil cidadãos (18 mil em 2016 e 15 mil em 2022), em 15 países da Europa, que avaliaram variados perfis de requerentes de asilo apresentados de modo aleatório.
Além daquelas características, as circunstâncias do deslocamento também interferiram no maior ou menor acolhimento, com os refugiados que escapam da guerra sendo mais bem-vistos do que aqueles que se deslocam por razões econômicas. Os autores concluíram que essas preferências do público permaneceram estáveis e que, ao contrário do que se esperava, o apoio geral aumentou ao longo do tempo.
Na última década, a crise dos refugiados sírios de 2015-2016 e a invasão russa da Ucrânia em 2022 contribuíram para a chegada de milhões de asilados aos países europeus. O estudo teve o objetivo de entender como essas repetidas crises humanitárias afetam a percepção das pessoas sobre os refugiados. Imagina-se que o número cada vez maior de refugiados possa reduzir o apoio do público. No entanto, a resposta acolhedora dada aos refugiados ucranianos contesta essa visão. Por quê? Segundo os autores, os ucranianos deslocados foram bem recebidos porque se encaixam nesse perfil.
As conclusões podem ajudar a entender que fatores impulsionam o apoio aos refugiados e orientar os formuladores de políticas para acolhimento dos refugiados, se bem que os dados analisados foram coletados apenas em dois momentos na última década, o que pode significar que o comportamento dos europeus em relação aos refugiados seja algo diferente do que a pesquisa revelou. Enquanto não surgem novos estudos a respeito, a consistência observada em ambos os períodos do estudo sugere que as preferências de perfil permanecem as mesmas.
Escritor e jornalista formado pela Universidade de São Paulo, com passagem pelo Diário Comércio e Indústria, pela Revista dos Tribunais, pela Editora Abril e diversos outros órgãos de imprensa, com especialização em extensão rural e jornalismo científico.