Estudo prevê queda na mortalidade por alguns tipos de câncer no Brasil
Pesquisadores do Instituto Nacional de Câncer (INCA) projetam queda de 28% na probabilidade de mortalidade prematura por câncer de pulmão em homens, entre 30 e 69 anos, no Brasil, no período de 2026 a 2030. Esse e outros dados constam no artigo As metas de desenvolvimento sustentável para o câncer podem ser cumpridas no Brasil?, publicado pela revista científica Frontiers in Oncology, em janeiro, comparou as mortes entre 2011 e 2015 com as de emortalidade prematura por câncer de 2026 a 2030.
A pesquisa indica uma possível redução nacional de 12% na probabilidade em homens, e de 4,6% em mulheres. O câncer de pulmão em homens ganha destaque com previsão de queda de 28% no recorte nacional. “Esse tumor, em relação aos outros 24 analisados, é o que mais se aproxima de um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, da Organização das Nações Unidas, que visa reduzir em um terço a mortalidade entre pessoas de 30 a 69 anos por doenças crônicas não transmissíveis”, enfatizou a pesquisadora da Coordenação de Prevenção e Vigilância do INCA (Conprev) Marianna Cancela.
Em homens, o tumor de pâncreas pode apresentar aumento de probabilidade de morte prematura de 2,3% para o Brasil, chegando a 17% no Nordeste.
Para as mulheres, a projeção revela redução de 11,5% na probabilidade de mortalidade prematura em todo o território nacional por câncer do colo do útero. As taxas na região Norte, no entanto, preocupam por apresentarem incidência alta: 25 mortes a cada 100 mil mulheres. Para o câncer de mama, tumor que mais mata mulheres no País, a previsão é de estabilidade. Somente no Sudeste a previsão indica a redução da probabilidade de morte prematura de 4%, enquanto nas outras regiões o aumento estimado varia de 1% (Sul) a 25,6% (Norte).
Entre os tipos de câncer analisados, destaca-se ainda o de intestino, também conhecido como colorretal ou de cólon e reto. Se a situação continuar semelhante à observada em 2015, há probabilidade de aumento de 10% na mortalidade prematura. O pior cenário foi projetado entre os homens da região Norte (+52%), e entre as mulheres na região Nordeste (+38%).
Diferenças regionais são ressaltadas pelos pesquisadores em termos de diagnóstico precoce e acesso aos tratamentos. Eles reforçam a importância da prevenção como a vacinação contra o HPV e hepatite, além do controle da obesidade, adesão à dieta saudável, prática de atividades físicas, redução do consumo de álcool e abandono do cigarro.
A consultora Nacional de Doenças Crônicas Não-Transmissíveis da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Larissa Veríssimo, destacou que o câncer ainda é “a segunda principal causa de morte nas Américas [1,4 milhão de mortes anuais] e são 3,4 milhões de novos casos ao ano [segundo estimativas de 2020]. Os casos de câncer e as mortes mostram um padrão de iniquidade [desigualdade] nas Américas, porque 70% desses óbitos aconteceram em países de baixa e média rendas”.
Luciana Holtz, fundadora e presidente do Instituto Oncoguia, lembrou que, em pesquisa Datafolha feita em 2022, ao mesmo tempo em que a população brasileira ainda associava a palavra câncer à morte, também, em sua maioria (63%), pedia que a doença fosse priorizada pelo governo.