Consumo de probióticos ajuda no combate às doenças inflamatórias intestinais
As Doenças Inflamatórias Intestinais (DII) são responsáveis pelo adoecimento de mais de 5 milhões de pessoas em todo o mundo. Chamando a atenção de todos para o tema, 19 de maio é o Dia Mundial de Doenças Inflamatórias Intestinais. No Brasil, para conscientizar sobre a importância do diagnóstico precoce das chamadas DII, a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), realiza, desde 2010, a campanha Maio Roxo. Com base em dados do setor público de saúde, estima-se que no país elas cheguem a até 100 casos para cada 100 mil habitantes, com maior concentração nas regiões Sul e Sudeste. Em alguns países desenvolvidos, a incidência pode chegar a até 1% da população.
Dentre as principais Doenças Inflamatórias Intestinais estão a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa. A doença de Crohn causa dor e inchaço no trato digestivo, podendo afetar qualquer parte do sistema digestório (desde a boca até o ânus), atingindo mais comumente o intestino delgado, o cólon e a região perianal. Já a retocolite ulcerativa causa inchaço e feridas (úlceras) no intestino grosso (cólon e reto).
Os sintomas das DII variam, dependendo da gravidade da inflamação e de onde elas ocorrem, podendo ser classificadas como de leves a graves. “Mas os sinais e sintomas comuns às duas doenças incluem diarreia, fadiga, dor abdominal e cólicas, sangue nas fezes, perda do apetite e emagrecimento”, alerta Nanci Utida, médica e pesquisadora de saúde global e sustentabilidade.
Doenças Inflamatórias Intestinais não têm cura
Segundo a especialista, o paciente pode ter períodos de doença ativa seguidos por períodos de remissão, mas o fato é que as DII não têm cura. “Embora as Doenças Inflamatórias Intestinais sejam patologias com componente autoimune e não exista uma forma de prevenção, com o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, o paciente pode ter o controle da doença”, afirma.
Apesar de serem doenças crônicas, muitas vezes as DII ainda são confundidas com a Síndrome do Intestino Irritável por causarem diarreia e dor abdominal. “No entanto, elas são bem diferentes. Nas DII, há uma inflamação da parede do intestino que leva a perda de peso, sangue nas fezes e complicações graves”, alerta a médica.
Outra questão é que elas acometem jovens em idade produtiva, já que a maior incidência está entre pessoas de 15 a 30 anos, tendo um pico também entre os de 60 a 80 anos, mas sem predominância de gênero. “Doenças crônicas como as DII são consideradas um dos grandes desafios da população moderna, são progressivas e geram impactos significativos na qualidade de vida de seus portadores pois acarretam mudanças nos âmbitos social, psicológico e profissional”, afirma Nanci. “Um outro fator que agrava a situação dos pacientes com DII é a escassez de estudos e da prevalência no Brasil, o que contribui para o atraso no diagnóstico e o aumento da morbidade”, lamenta.
Tratamento para a vida toda
O diagnóstico para as DII geralmente é confirmado por biópsias na colonoscopia. Depois da descoberta, vários tipos de medicamentos podem ser usados para o tratamento, desde aminosalicilatos, corticosteroides, imunomoduladores e uma classe de medicamentos chamados imunobiológicos. “As DII graves podem exigir cirurgia para remover partes danificadas do trato gastrointestinal, mas os avanços no tratamento com medicamentos significam que a cirurgia é menos comum do que há algumas décadas”, avalia.
Manter a microbiota intestinal em equilíbrio previne recidivas
A estratégia terapêutica implementada para tratar as DII é induzir e manter a remissão da doença. Sendo assim, os pacientes precisam tomar medicamentos por toda a vida. Mas apesar da eficácia comprovada desses agentes farmacológicos, seu uso provoca diversos efeitos colaterais. Por essa razão, é de grande interesse estudar alternativas terapêuticas que ofereçam redução dos sintomas inflamatórios e prevenção das recidivas. Entre eles destacam-se as bactérias probióticas. “O uso de probióticos em Doenças Inflamatórias Intestinais é indicado principalmente pela capacidade que eles têm de modular os componentes da microbiota intestinal, melhorar a barreira intestinal e diminuir a permeabilidade da mucosa reduzida. Eles têm ação imunorreguladora com supressão de citocinas pró-inflamatórias e indução de citocinas protetoras”, explica Nanci Utida.
Referências:
- Mayo Clinic https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/inflammatory-bowel-disease/symptoms-causes/syc-20353315#:~:text=Inflammatory%20bowel%20disease%20(IBD)%20is,intestine%20(colon)%20and%20rectum.
- CDC https://www.cdc.gov/ibd/what-is-IBD.htm
- NHS https://www.nhs.uk/conditions/inflammatory-bowel-disease/
- Cleveland Clinic https://my.clevelandclinic.org/health/diseases/15587-inflammatory-bowel-disease-overview
- https://www.scielo.br/j/abcd/a/prG7YCkLWdXq7qRZmQfvtsC/abstract/?lang=pt
- Sociedade Brasileira de Coloproctologia https://sbcp.org.br/
Imagem em destaque: Pexels
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