Assassinato de paciente hospitalizado no Haiti faz Médicos Sem Fronteiras interromper ação
Durante a tarde de quinta-feira, 26, três homens mascarados e armados invadiram a sala de emergência do hospital público Raoul Pierre Louis, localizado no distrito de Carrefour, a oeste de Porto Príncipe, capital do Haiti, retirando um paciente que estava deitado em uma maca e que havia dado entrada com um ferimento a bala. Eles o arrastaram violentamente para fora da unidade de saúde e o executaram com um tiro na cabeça a cerca de 10 metros de distância do local em que estava sendo tratado.
“Essa é a segunda vez que temos esse tipo de incidente nesse hospital a que damos apoio”, diz Benoit Vasseur, coordenador-geral de Médicos Sem Fronteiras (MSF) no Haiti, referindo-se a um incidente ocorrido em 14 de agosto de 2022. “Novamente estamos chocados com esse ato de retaliação brutal, que viola todos os princípios humanitários e a proteção que esse paciente deveria ter dentro de uma estrutura médica”.
“Diante desse nível inaceitável de violência, não temos outra escolha senão suspender temporariamente todas as nossas atividades no hospital. Vamos suspender as atividades enquanto não pudermos garantir a segurança de nossos profissionais e pacientes”, justifica Vasseur.
MSF atua no Haiti há mais de 30 anos, oferecendo assistência médica às populações mais vulneráveis. A organização apela a todos que portam armas, sejam eles quem forem, que respeitem o trabalho médico: pacientes, profissionais, estruturas médicas e ambulâncias.
O incidente ocorreu em um dia marcado por protestos e tumultos em várias partes da capital, Porto Príncipe, e seus arredores. Em apenas algumas horas, seis pessoas com ferimentos a bala foram levadas ao centro de emergência de MSF em Turgeau, incluindo um estudante do ensino médio que já estava morto ao chegar. Neste contexto, a entidade reforça que o acesso seguro aos cuidados de saúde de emergência precisa ser respeitado, mais do que nunca.