Amazônia: “o grito de dor da terra depredada é o mesmo dos povos que a habitam”

A defesa dos direitos humanos e o drama da criminalização dos líderes das comunidades e dos movimentos sociais foram os temas examinados na manhã desta terça-feira, 8 de outubro, no terceiro dia do Sínodo especial para a Região Pan-amazônica, que acontece na cidade do Vaticano e reúne representantes indígenas e 185 padres, 58 deles do Brasil.

Durante os trabalhos, destacou-se que, entre 2003 e 2017, morreram 1.119 indígenas por defenderem seus próprios territórios. Além disso, que, muitas vezes, os líderes sociais são vítimas da impunidade e da insuficiência dos poderes estatais, que não garantem a segurança. Sob este aspecto, reafirmou-se que a Igreja deve defender os que lutam para tutelar suas próprias terras criando, onde ainda não existem, específicas redes de proteção ou ativando, em nível diocesano, ações permanentes de solidariedade e de promoção da justiça social. A tarefa da Igreja, afirmou-se, deve ser a de levantar a voz contra os projetos que destroem o ambiente. Ao mesmo tempo, os padres que participam do sínodo evidenciaram a importância de se promover uma política mais participativa e uma economia afastada da “cultura do descarte”, apostando antes de tudo em experiências de economia alternativa, como as das pequenas cooperativas que comercializam produtos da floresta, sem passar pela grande produção.

Ameaças sob a roupagem de ‘projetos de desenvolvimento’

Outro tema abordado foi o da contaminação do rios, nos quais são despejados os resíduos das atividades minerárias, e o da desflorestação, ameaça cada vez mais concreta na Amazônia, devido à venda de madeira ou ao cultivo da coca, atividades favorecidas por uma legislatura ambiental frágil que não tutela as riquezas e as belezas naturais do território. A respeito desse ponto, a Igreja é chamada a denunciar as distorções de modelos de extrativismo predatório, ilegais e violentos, porque o grito de dor da terra depredada é o mesmo dos povos que a habitam. A defesa das populações nativas foi recordada também através do martírio de muitos missionários que deram sua vida pela causa indígena e pela tutela dos que são explorados e perseguidos por ameaças ocultas sob a farsa de “projetos de desenvolvimento”.

A realidade recente e preocupante das migrações

O encontro refletiu também sobre o tema das migrações, tanto das populações indígenas para as grandes cidades quanto das populações que atravessam a Amazônia para chegar em outros países. Sobre este ponto, deriva a importância de uma pastoral específica da Igreja: a região amazônica como zona de fluxos migratórios é uma realidade recente – observou-se na congregação – e deve ser enfrentada com uma nova frente missionária no sentido inter-eclesial, para uma maior colaboração entre as Igrejas locais e outros organismos comprometidos no setor. Salientou-se que o drama das migrações atinge também a juventude da Amazônia, obrigada a deixar suas cidades de origem por causa de desemprego, violências, tráfico de seres humanos, narcotráfico, prostituição e exploração. Então é necessário que a Igreja reconheça, valorize, sustente e reforce a participação da juventude da Amazônia nos espaços eclesiais, sociais e políticos, porque os jovens são “profetas de esperança”.

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