A prática da masturbação é importante desde a puberdade até a melhor idade
Lucimar Secches Ghelfi(*)
Falar sobre tudo o que envolve a sexualidade ainda é um tabu e motivo de timidez na conversa entre pais e filhos e até entre os casais, e nessa lista de temas evitados, infelizmente, está a masturbação. A falta de uma conversa aberta e até mesmo a dificuldade de informação de fontes seguras fazem com que homens e mulheres não conheçam os benefícios dessa prática que vão muito além do que simplesmente proporcionar prazer.
Quando uma pessoa deixa de conhecer a si mesmo, chegamos no momento de uma relação sexual entregando a alguém um corpo desconhecido, um parceiro que não sabe onde é melhor ser tocado, onde é mais gostoso.
Imagine um piloto de Fórmula 1 que chega para competir apenas no domingo sem conhecer o autódromo, onde ele pode acelerar, onde estão as curvas mais perigosas. Pois com o sexo é a mesma coisa, é preciso treinar, se conhecer, caso contrário o resultado são performances insatisfatórias e o sexo vai se tornando fonte de ansiedade, de estresse, e o efeito disso na vida sexual no futuro é devastador.
O que é muito e o que é pouco na masturbação?
Como a masturbação é vista apenas como algo para proporcionar prazer momentâneo, e não como algo importante para a qualidade de vida a longo prazo, a primeira dúvida sobre o assunto é a frequência. Quem não tem o hábito preocupa-se sobre ser muito pouco e quem já tem a masturbação na rotina começa a se questionar se o seu caso já não é demais.
Essa avaliação não tem a ver com quantidade, de matemática. Classificamos como excesso quando a masturbação se torna uma obsessão, uma prioridade e a única fonte de prazer no dia a dia de uma pessoa, ou seja, quando ela abre mão de outras coisas, até mesmo do sexo. Por outro lado, pouco é quando a pessoa simplesmente não se masturba, evita se tocar e deixa de colher os benefícios, sejam imediatos ou de longo prazo. Estudos científicos recomendam que é saudável e recomendável uma atividade masturbatória duas vezes por semana, seja sozinho ou acompanhado, com reflexos extremamente positivos na qualidade de vida e na saúde sexual.
Atenção aos erros básicos na prática da masturbação
É importante ter atenção a alguns equívocos e erros básicos que podem neutralizar esses benefícios e até causar danos à saúde:
1. Tempo dedicado à masturbação
Não é adequado que o momento da masturbação seja algo constantemente apressado, um ato acelerado. Isso causa prejuízos à vida sexual no futuro, pois pode tornar o homem um ejaculador precoce que atinge o orgasmo extremamente rápido, também durante o sexo.
2. Pornografia como fonte de excitação
Quando estimulamos alguém na prática da masturbação, de conhecer o próprio corpo, é muito importante que o estímulo venha acompanhado de um alerta sobre os cuidados de se usar a pornografia como fonte de excitação.
Isso porque os vídeos de sexo que normalmente são consumidos trazem situações que não representam em nada a realidade, ou seja, não representam aquilo que a pessoa vai encontrar na hora do sexo com outra pessoa. E essa construção mental de algo que não vamos encontrar reflete em problemas sérios de performance.
3. Usar preservativo
Pode parecer engraçada a sugestão de usar o preservativo na masturbação, que é considerada a forma mais segura de um ato sexual no que diz respeito às chances de transmissão de ISTs, por exemplo. Contudo, o objetivo dessa recomendação é o treino, é aprender como manusear a camisinha de forma a não perder a excitação e esse treino vai prevenir um dos problemas mais comuns entre os homens, que é a perda da ereção na hora de vesti-la.
Imagem em destaque: Pexels – Photo by Anders Kristensen
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Psicóloga, psicoterapeuta sexual e especialista em disfunções sexuais masculinas. Uma das fundadoras da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana (SBRASH) e fundadora da Sociedade Catarinense de Sexualidade Humana (SCSH), é membro da Sociedade Latino-Americana de Medicina Sexual (SLAMS), Sociedade Internacional de Medicina Sexual (ISSM). Criou o Método Ghelfi e já atendeu mais de cinco mil homens. Por 12 anos, foi porta-voz do laboratório Pfizer no projeto Qualidade de Vida e Saúde Sexual para Casais. Foi premiada como a Melhor Palestra do Brasil para Casais.