Área de cerrado em Botucatu faz alunos aprenderem a cuidar da fauna e da flora
São 8 horas da manhã e os alunos da escola municipal Hernani Donato, no bairro Cedro em Botucatu, SP, estão prontos para mais uma “expedição”. Na mão, binóculos. Silêncio e movimentos leves. Afinal, não se pode espantar os personagens principais do lugar. Tucanos, carcarás, gaviões… Enfim, mais de 60 espécies já registradas em plena mata de cerrado.
Essa interação entre crianças e meio ambiente é uma das premissas da escola, mas que foi potencializada com a chegada do Passarinhando, projeto de extensão do Laboratório de Etologia do Instituto de Biociências da Unesp (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho), campus de Botucatu. Desde março deste ano, alunos e professores do IBB promovem atividades na escola do Cedro. Tudo para fortalecer a consciência de conservação ambiental.
“Desenvolvemos o levantamento da avifauna na unidade de conservação Floresta Estadual de Botucatu. Trata-se de um importante fragmento de Cerrado que fica ao lado da escola. Onde já registramos 11 espécies de aves ameaçadas. Queremos alertar sobre a importância do local e urgência para que o poder público possa cuidar assim como a população do entorno”, enfatiza a Profª Silvia Nishida, do Instituto de Biociências.
Em junho de 2018, Silvia, ao lado de outros colaboradores, lançou o Guia de Aves de Botucatu e São Manuel. Publicação que compila dados de levantamentos de avifauna realizados nos dois municípios. Ao todo, 342 espécies de aves estão registrados na publicação que, por sinal, não sai das mãos dos alunos do Cedro durante as atividades na mata. Justamente para que os pequenos compreendam melhor as características de cada ave.
Mas o projeto não se resume a observar as aves. O conteúdo é replicado na sala de aula, de diferentes maneiras. Seja na construção de textos ou mesmo atividades artísticas. “Consigo trabalhar habilidades de todas as disciplinas dentro desse projeto. Eles querem criar, fazer teatro, participar das aulas. Motiva eles a quererem estar na escola, a quererem aprender”, afirma Maria Clara Estevez de Matos, professora da escola, que também é formada em Ciências Biológicas pelo IBB.
Jennifer Lara Mendes Pinheiro tem apenas 8 anos. Mas já tem plena consciência sobre a importância das aves para o meio ambiente. “O meu preferido é beija-flor tesoura porque ele passa o néctar de uma flor para outra”, conta ela, que, ao lado dos colegas, ficou apavorada quando um incêndio destruiu parte da vegetação ao lado da escola. O estrago só não foi maior porque o Córrego Pinheirinho (Nascente Ibiaçá) passa ali perto.
A ideia é que o projeto possa continuar para 2020. Construir um “Jardim para Beija-Flores” e promover plantio de plantas que possam atrair mais aves no entorno da escola estão nos planos. Enquanto isso, os alunos aproveitaram a semana do Dia das Aves (5 de outubro) para escolher a “ave símbolo” da escola: o carcará.
Com informações da ACI – IB Unesp Botucatu (Igor Medeiros)