Campanha da ONU usa redes sociais em favor das afegãs impedidas de ir à escola
O fundo global das Nações Unidas “Educação não pode esperar” deu início nesta terça-feira, 15, à .campanha “Vozes das Meninas Afegãs”, para apoiar essas crianças, que se encontram excluídas do direito básico à educação e ao aprendizado. Em 18 de setembro de 2021, pouco mais de um mês após ter tomado o poder, a autoridade talibã que governa o Afeganistão proibiu alunas de frequentarem escolas e universidades. Com a iniciativa, a ONU pretende apoiar o ensino á distância e quaisquer outras formas de ensino às afegãs.
A campanha foi desenvolvida em colaboração com Somaya Faruqi, ex-capitã do time de Robótica de Garotas Afegãs. Segundo ela, “a situação está afetando imensamente a saúde mental das meninas e as taxas de suicídio aumentaram nos últimos dois anos.” Faruqi afirma que “é mais urgente do que nunca agir agora” e espera que muita coisa “mude para melhor em um ano”, desde que haja uma ação conjunta “em solidariedade com todas as meninas afegãs”.
O enviado especial da ONU para a Educação Global e presidente do alto conselho do Educação Não Pode Esperar, Gordon Brown, disse que “as estruturas legais internacionais devem ser usadas para buscar ações legais e responsabilização dos autores dessa exclusão de mulheres e meninas da educação secundária e terciária.”
Segundo ele, a comunidade internacional deve expandir imediatamente o apoio a cursos on-line e de rádio, bem como aumentar os recursos de financiamento para “intensificar a oferta de oportunidades educacionais para meninas afegãs dentro e fora do país”.
Desespero e resiliência
Os depoimentos reunidos na campanha são acompanhados de ilustrações produzidas por uma jovem artista afegã. Os materiais audiovisuais retratam tanto “o desespero experimentado por essas meninas e jovens afegãs quanto sua incrível resiliência e força diante dessa proibição inaceitável de sua educação.”
A proposta é postar nas redes sociais, entre 15 de agosto e 18 de setembro, uma série de depoimentos acompanhados de ilustrações produzidas por uma jovem artista afegã retratando o “desespero experimentado por essas meninas e jovens bem como a sua incrível resiliência e força diante dessa proibição inaceitável”, explica Brown. As datas correspondem, respectivamente, aos momentos em que o regime tomou o poder no Afeganistão e em que o banimento de estudantes das escolas e universidades foi oficializado.
Com isso, espera-se que as vozes das meninas afegãs se façam presentes no cenário global, enquanto os líderes mundiais se reúnem na Cúpula dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), de 18 a 19 de setembro na Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque, quando tratarão do assunto.