Fragmentação das florestas tropicais aumenta e coloca em risco o clima e a biodiversidade
Se as tendências atuais continuarem, a fragmentação das florestas tropicais vai aumentar e isso trará sérias consequências para o cumprimento dos acordos climáticos internacionais e para a conservação da biodiversidade. O alerta vem dos autores de um estudo que acaba de ser publicado na Nature Comunications. De acordo com seus autores, as florestas estão ficando cada vez mais fragmentadas – particularmente no sul da Amazônia, na Bacia do Congo e no sudeste da Ásia continental. Em muitas outras regiões do mundo, essa situação não foi identificada pelos pesquisadores, que alertam para a necessidade de se reduzir o desmatamento nessas áreas e promover a conexão entre os fragmentos.
A fragmentação das paisagens florestais é um dos principais impulsionadores da degradação do ecossistema e, muitas vezes, um precursor da perda florestal em grande escala. Apesar da crescente disponibilidade de mapas de cobertura florestal baseados em satélite, quantificar a fragmentação florestal em escala global tem se mostrado um desafio. Uma questão central é que mapear a distribuição e o tamanho dos fragmentos florestais em um determinado momento não é o mesmo que quantificar o processo de fragmentação ao longo do tempo.
Jun Ma, Jiawei Li e seus colegas desenvolveram um índice dinâmico para quantificar simultaneamente a distribuição de fragmentos florestais e suas mudanças ao longo do tempo. Eles aplicaram o índice em mapas de alta resolução da cobertura florestal dos anos 2000 e 2020, desenvolvidos anteriormente por outros pesquisadores. Os autores descobriram que 75,1% das paisagens florestais do mundo experimentaram uma diminuição da fragmentação, ao contrário das florestas nas regiões tropicais, que registraram um aumento. Um grande declínio na fragmentação florestal ocorreu em regiões densamente povoadas e economicamente desenvolvidas. É o caso do leste dos Estados Unidos, da Europa e do sul da China, por exemplo.