Brasil, Egito e Lesoto recebem prêmio por iniciativas que ajudam a combater a fome
A Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) premiou agências de promoção de investimentos do Brasil, Egito e Lesoto pela excelência na promoção de programas sustentáveis ??na agricultura, contribuindo para a segurança alimentar e o desenvolvimento.
A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, Apex-Brasil, recebeu o prêmio por seu projeto ScaleUp, criado para atrair empresas internacionais de tecnologia, fornecendo serviços de negócios e oportunidades financeiras.
Uso de tecnologias no setor agrícola
O programa realizado em parceria com a Israel Trade and Investment, a Japan External Trade Organization e a Enterprise Singapore facilitou o estabelecimento de 15 empresas no Brasil.
Entre elas, startups de agrotecnologia que ajudam com ferramentas e sistemas tecnológicos inovadores para otimizar a produção agrícola, detectar rapidamente pragas e doenças e contribuir para uma agricultura resiliente ao clima.
Outros premiados
A Autoridade Geral de Investimentos e Zonas Francas do Egito recebeu o prêmio por facilitar a Canal Sugar Company, uma joint venture entre investidores da indústria açucareira dos Emirados Árabes Unidos e do Egito.
O projeto está alinhado com a visão de desenvolvimento sustentável do Egito até 2030 para alcançar a segurança alimentar enquanto se adapta às mudanças climáticas usando sistemas agrícolas inteligentes.
O projeto que deve gerar 50 mil empregos visa tornar o Egito autossuficiente na produção de açúcar. Inclui uma academia de treinamento para agricultores locais para ajudá-los a aumentar seus rendimentos e minimizar o uso de água e fertilizantes.
A Lesotho National Development Corporation ganhou o prêmio por sua iniciativa de lançar o Maluti Fresh Market Produce, uma instalação completa de marketing e manuseio de produtos.
A nova plataforma comercial visa capacitar os agricultores locais registrados, que são predominantemente mulheres, facilitando seu acesso aos mercados e financiamento e, assim, dando apoio na transição da subsistência para a agricultura comercial.
O mercado promoveu o investimento de pequenos agricultores na produção de frutas e legumes locais, reduzindo a dependência de produtos importados e proporcionando melhor nutrição às escolas do Lesoto, que agora têm um local centralizado para aquisição.
Crise de alimentação
Os efeitos da guerra na Ucrânia, as interrupções na cadeia de suprimentos relacionadas ao Covid-19, as inundações e secas arrasadoras causadas pelas mudanças climáticas desencadearam uma crise alimentar global.
Para a Unctad, a Iniciativa de Grãos do Mar Negro, apoiada pela ONU, trouxe algum alívio, mas são necessárias soluções de longo prazo para lidar com a escassez global, especialmente nos países em desenvolvimento.
A secretária-geral da agência, Rebeca Grynspan, ressaltou o desafio que o mundo enfrenta. Ela disse que “a atual crise alimentar pode se transformar rapidamente em uma catástrofe alimentar de proporções globais em 2023”.
Necessidade de mais investimentos para aumentar a segurança alimentar
O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável, ODS 2, sobre a criação de um mundo sem fome até 2030, exige esforços maciços para aumentar a produção agrícola sustentável. Segundo a Unctad, governos de todo o mundo estão buscando investimentos e tecnologias para aumentar a segurança alimentar.
Entretanto, de acordo com o Relatório de Investimento Mundial 2022 da agência, os projetos de investimento na agricultura nos países em desenvolvimento ainda não se recuperaram da pandemia e a atividade de investimento continua pequena.
Em 2021, eles representavam apenas 2% dos projetos de investimento em setores relevantes para os ODS nos países em desenvolvimento. Diante desse cenário, as agências de promoção de investimentos estão visando projetos que tragam inovação, sustentabilidade e crescimento no agronegócio.
Imagem em destaque: Uma romã pendurada em uma árvore em Hortolândia, Brasil – Foto Unsplash/Feliphe Schiarolli