Subocupação é de 66% entre negros e pardos no Brasil

Subocupação é de 66% entre negros e pardos no Brasil

O mercado de trabalho ainda tem muitas desigualdades para pretos ou pardos, mulheres e jovens. Em 2018, pretos ou pardos eram cerca de dois terços (66%) dos 6,9 milhões de subocupados por insuficiência de horas, aqueles que trabalham menos de 40 horas semanais e gostariam de trabalhar mais. A subocupação também é alta entre as mulheres: elas eram 43,7% da população ocupada, mas 54,6% da sub-ocupada. Já o grupo na faixa etária de 14 a 29 anos constituía 25,7% dos ocupados, mas 34,5% dos sub-ocupados. A Síntese de Indicadores Sociais 2019, divulgada ontem pelo IBGE, mostra que a diferença entre a taxa de desocupação da população preta ou parda e a da branca atingiu seu maior patamar em 2018: 14,1% do primeiro grupo contra 9,5% do segundo. No mesmo ano, houve leve redução da taxa geral de desocupação em relação a 2017, passando de 12,5% para 12%.

“Embora a população branca tenha um maior índice de escolaridade, seja qual for o nível de instrução, a taxa de desocupação é sempre maior para os pretos ou pardos, mas entre as pessoas com nível superior a disparidade é substancialmente menor, portanto o acesso ao ensino superior é um fator que contribui para a redução de desigualdades”, comenta a analista da Síntese de Indicadores Sociais do IBGE Luanda Botelho. Entre as pessoas com ensino superior, a taxa de desocupação foi de 5,5% para os brancos e 7,1% para os pretos ou pardos em 2018.

Trabalhadores brancos recebem até 73,9% mais

Em 2018, os brancos ganhavam, em média, 73,9% mais do que pretos ou pardos. E a desigualdade se mantém mesmo quando verificada a remuneração por horas trabalhadas.

Já o rendimento-hora da população ocupada de cor ou raça branca (R$ 17,0) era 68,3% superior ao da população preta ou parda (R$10,10). A diferença maior nessa remuneração por hora estava entre os trabalhadores com nível superior completo: R$ 32,8 para brancos e R$ 22,7 para pretos ou pardos.

A presença dos pretos ou pardos é mais acentuada em atividades com os menores rendimentos: Agropecuária (60,8%), Construção (62,6%) e Serviços domésticos (65,1%). Já as pessoas brancas predominam nos grupamentos melhor remunerados, como Informação, financeiras e outras atividades profissionais e Administração Pública, educação, saúde e serviços sociais.

Em 2018, a disparidade entre os rendimentos médios dos 10% da população ocupada que ganham mais e os 40% que ganham menos alcançou seu maior patamar: 13 vezes mais, puxada, principalmente, pela ausência de aumento real do salário mínimo.

As unidades da federação com as maiores diferenças foram Piauí (acima de 18 vezes), Paraíba e Sergipe (em torno de 16 vezes) e as menores estavam em Santa Catarina, Goiás, Alagoas e Mato Grosso (todas abaixo de 10 vezes).

A informalidade também é bem mais presente entre pretos ou pardos, com 47,3% deles nessa condição, contra 34,6% dos brancos. Nesse grupo estão os empregados do setor privado e trabalhadores domésticos sem carteira de trabalho assinada; trabalhadores por conta própria e empregadores que não contribuem para a previdência social; e trabalhadores familiares auxiliares.

Brasil entre piores colocados em índice de jovens que não estudam nem trabalham

Cerca 2,4 milhões de jovens de 15 a 29 anos do país não estudavam nem trabalhavam em 2018, o equivalente 23% das pessoas nesse grupo etário. Este patamar coloca o Brasil entre os cinco piores colocados entre os 41 países membros ou parceiros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

A maior incidência de jovens que não estudavam nem estavam ocupados era nos domicílios com menores rendimentos: 42,3% dos jovens no quinto da população com os mais baixos rendimentos domiciliares per capita estavam nessa situação. Sendo que, quanto menor seu nível de instrução, maior a prevalência de indivíduos fora da força de trabalho, e aqueles que concluíram o ensino médio na modalidade técnica tiveram maior inserção no mercado de trabalho.

E as mulheres predominam nesse grupo. Apesar de mais escolarizadas, era maior a proporção de jovens mulheres (28,4%) do que de homens (17,6%) que não estudavam e não estavam ocupadas em 2018. Em pior situação encontravam-se as pretas ou pardas, que tinham o dobro de chances de estarem sem estudar e sem ocupação do que os homens brancos.

Mais da metade (57,4%) dos jovens com idade entre 15 e 29 anos que não estavam estudando e nem trabalhando era de desalentados. Os principais motivos por não terem procurado ocupação era não haver trabalho na localidade (39,6%), não conseguir trabalho adequado (10,7%), não ter experiência profissional ou qualificação (6,1%) ou ser considerado muito jovem para trabalhar (1%).

Crédito da Imagem em Destaque: Tânia Rego/Agência Brasil EBC

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Usamos cookies para personalizar conteúdo e anúncios, fornecer recursos de mídia social e analisar nosso tráfego. Também compartilhamos informações sobre o uso de nosso site com nossos parceiros de mídia social, publicidade e análise. View more
Cookies settings
OK
Não
Nossa Política de Privacidade
Privacy & Cookies policy
Cookie name Active

Quem somos

O endereço do nosso site é: https://agenciapaginaum.mardelivros.com.

Comentários

Quando os visitantes deixam comentários no site, coletamos os dados mostrados no formulário de comentários, além do endereço de IP e de dados do navegador do visitante, para auxiliar na detecção de spam. Uma sequência anonimizada de caracteres criada a partir do seu e-mail (também chamada de hash) poderá ser enviada para o Gravatar para verificar se você usa o serviço. A política de privacidade do Gravatar está disponível aqui: https://automattic.com/privacy/. Depois da aprovação do seu comentário, a foto do seu perfil fica visível publicamente junto de seu comentário.

Mídia

Se você envia imagens para o site, evite enviar as que contenham dados de localização incorporados (EXIF GPS). Visitantes podem baixar estas imagens do site e extrair delas seus dados de localização.

Cookies

Ao deixar um comentário no site, você poderá optar por salvar seu nome, e-mail e site nos cookies. Isso visa seu conforto, assim você não precisará preencher seus dados novamente quando fizer outro comentário. Estes cookies duram um ano. Se você tem uma conta e acessa este site, um cookie temporário será criado para determinar se seu navegador aceita cookies. Ele não contém nenhum dado pessoal e será descartado quando você fechar seu navegador. Quando você acessa sua conta no site, também criamos vários cookies para salvar os dados da sua conta e suas escolhas de exibição de tela. Cookies de login são mantidos por dois dias e cookies de opções de tela por um ano. Se você selecionar "Lembrar-me", seu acesso será mantido por duas semanas. Se você se desconectar da sua conta, os cookies de login serão removidos. Se você editar ou publicar um artigo, um cookie adicional será salvo no seu navegador. Este cookie não inclui nenhum dado pessoal e simplesmente indica o ID do post referente ao artigo que você acabou de editar. Ele expira depois de 1 dia.

Mídia incorporada de outros sites

Artigos neste site podem incluir conteúdo incorporado como, por exemplo, vídeos, imagens, artigos, etc. Conteúdos incorporados de outros sites se comportam exatamente da mesma forma como se o visitante estivesse visitando o outro site. Estes sites podem coletar dados sobre você, usar cookies, incorporar rastreamento adicional de terceiros e monitorar sua interação com este conteúdo incorporado, incluindo sua interação com o conteúdo incorporado se você tem uma conta e está conectado com o site.

Com quem compartilhamos seus dados

Se você solicitar uma redefinição de senha, seu endereço de IP será incluído no e-mail de redefinição de senha.

Por quanto tempo mantemos os seus dados

Se você deixar um comentário, o comentário e os seus metadados são conservados indefinidamente. Fazemos isso para que seja possível reconhecer e aprovar automaticamente qualquer comentário posterior ao invés de retê-lo para moderação. Para usuários que se registram no nosso site (se houver), também guardamos as informações pessoais que fornecem no seu perfil de usuário. Todos os usuários podem ver, editar ou excluir suas informações pessoais a qualquer momento (só não é possível alterar o seu username). Os administradores de sites também podem ver e editar estas informações.

Quais os seus direitos sobre seus dados

Se você tiver uma conta neste site ou se tiver deixado comentários, pode solicitar um arquivo exportado dos dados pessoais que mantemos sobre você, inclusive quaisquer dados que nos tenha fornecido. Também pode solicitar que removamos qualquer dado pessoal que mantemos sobre você. Isto não inclui nenhuns dados que somos obrigados a manter para propósitos administrativos, legais ou de segurança.

Para onde seus dados são enviados

Comentários de visitantes podem ser marcados por um serviço automático de detecção de spam.
Save settings
Cookies settings